sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Whatever malady hides behind that mask, it's temporary.



Para ler ouvindo:



A gente pode ser vários em um só. Duas caras? Não sou. Sou é trezentas, quatrocentas, quem dirá que sou menos? Sou uma pra cada um, qualquer uma, a uma, alguma, o que for. Eu sou o que as pessoas querem pensar de mim. Na verdade, somos, ao mundo exterior, exatamente isso: o que pensam de nós. O que ninguém sabe, geralmente, é o que pensamos de nós mesmos. É o que somos naquele espaço da alma que ninguém vê. Aquela batida apertada do coração pessoa alguma, além de nós mesmos, pode sentir. O arrepio que vem de uma sensação inacreditável, o que parece ser um choque no cérebro, aquele ardido que dá no nariz quando vamos começar a chorar e os músculos faciais tesos de tentar impedir. O sorriso imaginado, aquele que faz os mínimos cantinhos da boca levemente se moverem pra cima, aquele calorzinho de amor, aquele frio de solidão, aquele medo de qualquer coisa. Por vezes eu me sinto só por ser a única que sabe o que realmente se passa em mim, mas na maioria das vezes eu gosto de tratar como o meu maior e melhor segredo. E é meu trunfo. Posso sentir/pensar/amar/odiar/temer/querer/desejar/ansiar/recusar, dentro de mim, o que eu quiser. Posso ser a pessoa que eu bem desejar. Mas, em meu estado natural, eu sou assim: um passeio de bicicleta numa Paris em primavera, uma Passing Afternoon de Iron & Wine cantada baixinho no entardecer na praia, o banho quente na madrugada, o silêncio dos primeiros minutos do nascer do sol. Ninguém sabe, ninguém sabe MESMO, mas eu sou completamente serena por dentro. Quem me olha não diz, quem me ouve todo dia desacredita, mas é. E é segredo meu, mesmo que contado.

Shhhh!

Um comentário:

  1. Tenho que te confessar que ler esse texto ouvindo a música me trouxe uma sensação "engraçada", mas Shhh! Segredo! ;)

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