domingo, 28 de fevereiro de 2010

I'll tell you in another life, when we are both cats

Para ler escutando:



Eu poderia dizer
Mas eu não digo
Sobre o mistério atrás de tudo isso
Sobre o segredo, meu amor, que eu guardo
E que você vai ter que descobrir

Eu me denuncio mais pelo que eu não digo do que pelo eu digo. Pelo que deixo subentendido, pelo que jogo no ar, pelo que sopro enviesado, pelo que confesso com o olhar. E eu poderia mesmo dizer, mas eu não digo. Eu prefiro me jogar na possibilidade de não pegarem meu tom, meu som, meu jeito. Arriscar nas palavras tão figuradas que, de tão secretas, acabam mesmo desfiguradas. Eu aposto na linguagem do meu coração e na baita força que ele tem de se manifestar e se aliviar, mesmo que ninguém o tenha entendido. Porque o objetivo é esse, mesmo: ficar desentendido. Que assim, quando quem interessa vier busca o seu sentido, ele pode encontrar aquela batida forte que é o que todo coração busca. Quero dizer, que outro motivo ele teria pra nos levar pra caminhos tão tortuosos se não pelas emoções que eles nos trazem? Seria essa a solução pro meu próprio coração se eu fosse sua partidária. Mas naquela eterna guerra entre ele e o cérebro, sempre ganha o senhor da razão. Desespero bate e então chegamos aí, nessa confusão mental. Coração é aquele filho birrento que chora demais, não manda nada, mas acaba tendo a vontade feita porque... sei lá por quê. Mas eu sei das polissemias, das metáforas, dos eufemismos, das ironias, das hipérboles e das "n" figuras de linguagem pelas quais, somente pelas quais, eu pareço conseguir me comunicar.

O nome do mistério, o nome disso
Que foi por mim aqui silencifrado
E volta ao lar querendo ir
Eu poderia dizer
Mas eu não digo

Não, não digo.

Um comentário:

  1. E já dizia um cara aí: "Uma personalidade maior do que se pode ver". É um fato! ;)

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