sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

"And now you've simply got to ask yourself this: What is happiness to you, David?"







Sempre tive uma maneira muito forte de sentir as pequenas coisas. Por toda a minha vida estive regularmente inventando histórias e as vivenciando como totalmente reais. E quantas vezes isso já me salvou... me salvou de imensuráveis solidões, de vastas dores, de grandes faltas. Tanto que nem lembro de ter chegado a sentir de verdade qualquer uma dessas coisas. Sempre fui salva por algum rosto bonito que, na vida real, nunca passou de apenas um estranho. Mas, pra mim, esse rosto era um relacionamento inteiro. A minha imaginação me levava pra tudo que esse relacionamento trazia e por este ínterim eu não estava sozinha ou sofrendo. Eu estava num mundo à parte. Talvez nunca realmente pensar no que eu estava passando é que tenha me salvado.

Eu sempre me senti acompanhada na minha solitude. Sempre senti que eu e minha cabeça éramos inestimáveis companheiras, indissolúveis, inatas, verdadeiramente sinceras uma com a outra. É incrível esse sentimento de cumplicidade consigo mesmo. Há sempre quem me socorra, quem me compreenda, quem diga exatamente o que eu preciso ouvir. Sou eu. E sou eu a única quem precisa acreditar nas histórias que eu invento. Pode até ser a little bit childish, mas é uma forte viagem interior. E ultimamente, mais do que nunca, eu tenho me fechado nas minhas histórias e na minha auto-salvação. Tenho me recolhido nos meus dramas particulares. Tenho fugido de tudo quanto é mundo real pra poder me proteger. Tenho evitado, tenho desviado o olhar, tenho andado de cabeça baixa. Acho que estou tentando me fortalecer. Acho que estou tentando... me reencontrar. Sem nunca ter realmente me perdido, I guess. Mas mais do que nunca me sinto num daqueles passeios solitários pela praia no cair da noite, sabe? No vento gelado que bate nas suas dores. E eu as tenho, as dores. Eu tenho esses desejos do meu coração que me consomem cada dia um pouquinho. Já escrevi sobre isso, quando eu tinha 16 anos. É bem do meu feitio querer comer o futuro com uma dentada, tudo junto, wanting it all. Eu vejo as coisas que combinam certinho com meu jeito de amar, de ver as coisas, de sentir, de ser e eu intensamente as desejo. Eu desejo botar um pouco disso tudo pra fora. Dói muito explodir por dentro em tantas sensações e vontades. Ser feliz dói. Dói porque não cabe em si, nem todo mundo sabe entender e nem todo mundo consegue dividir com você. Nem todo mundo consegue te observar e saber do que você gosta exatamente, do que mexe com seu coração, do que te lembra do que um dia você já foi.

Eu sinto falta de um olhar que me perfure a alma. Pode ser de qualquer um. Qualquer um que, do nada, me jogue um detalhe meu sobre o qual apenas eu sei. Olha aí, é tanta coisa dentro de mim agora que nem mais escrever linearmente eu consigo. Só preciso dizer mais isso: eu tenho cavado fundo pra voltar a mim. Sinto muito minha falta. É isso. Eu sinto muito minha falta e eu fico me procurando em todos os lugares. E me enche os olhos de água me encontrar, encontrar meus pedaços, meus pequenos detalhes, tudo que me faz ser eu.

It's been a brilliant journey of self-awakening.