Eu gosto de tudo que faz menção a sair do lugar onde estou.
Desde criança um dos meus maiores sonhos era aprender a dirigir. Quando fiz 18, mal podia conter a ansiedade. Sempre amei aviões, carros, motos de certa maneira. Qualquer coisa que significasse movimento, ir embora.
Aeroportos, então, como os amo. Sinto dentro de mim uma completude, a possibilidade de ir pra qualquer lugar, partir. Dirigir na estrada ou até mesmo em alta velocidade na ruas, qualquer coisa que me dê a sensação de estar fugindo.
A caminho de casa pego uma BR. É sempre uma tentação continuar dirigindo, não entrar no retorno, apenas seguir em frente. Já cheguei a passar três retornos por causa dessa vontade incontrolável de apenas ir embora.
Dezembro de 2011 eu fui embora. Por muito pouco tempo, mas eu fui. E eu nunca descobri tantas coisas a respeito de mim em tão pouco tempo quanto nessa distância. Eu sou mais forte e tenho mais na minha alma do que eu imaginava.
Voltei a escrever, descobri novos sentimentos e um novo pedaço de mim, feito de pele morta do passado, começou a nascer.
Eu voltei e hoje é sempre uma dor olhar as fotos da vista da janela, a sensação de liberdade, estar a 10.000 km das raízes. A 10.000 km de qualquer coisa que me fosse familiar. É sempre uma dor essa saudade apertada que invade o peito.
E mesmo que hoje seja um nó que trago na garganta, é também um movimento que minhas pernas aprenderam. Uma rota de fuga que aponta sempre pra "ir embora". Está nos espasmos dos músculos, entre cada batida no coração e no meio de meu every thought.
Um dia... um dia eu vou embora. De vez.